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Aldemir Martins

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A0184

Aldemir Martins (Ingazeiras CE 1922 - São Paulo SP 2006). Pintor, gravador, desenhista, ilustrador. Em 1941, participa da criação do Centro Cultural de Belas Artes, em Fortaleza, com Antonio Bandeira, Raimundo Cela, Inimá de Paula e Mário Baratta, um espaço para exposições permanentes e cursos de arte. Três anos depois, a instituição passa a chamar-se Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Aldemir Martins produz desenhos, xilogravuras, aquarelas e pinturas. Atua também como ilustrador na imprensa cearense. Em 1945, viaja para o Rio de Janeiro, e, menos de um ano depois, muda-se para São Paulo, onde realiza sua primeira individual e retoma a carreira de ilustrador. Entre 1949 e 1951, freqüenta os cursos do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp e torna-se monitor da instituição. Estuda história da arte com Pietro Maria Bardi e gravura com Poty Lazzarotto. Em 1959, recebe o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna e permanece por dois anos na Itália. Desde o início da carreira sua produção é figurativa, e o artista emprega um repertório formal constantemente retomado: aves, sobretudo os galos- cangaceiros, inspirados nas figuras de cerâmica popular- gatos, realizados com linhas sinuosas- e ainda flores e frutas. Nas pinturas emprega cores intensas e contrastantes.
Comentário crítico
Aldemir Martins começa a desenhar ainda no Colégio Militar, que freqüenta desde 1934. Na década de 1940, trabalha como artista em Fortaleza, ao mesmo tempo que busca atualizar o então incipiente meio artístico da cidade. No princípio da carreira, em 1941, ajuda a criar o Centro Cultural de Belas Artes, com Antonio Bandeira, Raimundo Cela,Inimá de Paula e Mário Baratta. O grupo monta um espaço para exposições permanentes, organiza salões e cursos de arte. Três anos depois, a instituição passa a chamar-seSociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Aldemir Martins produz desenhos, xilogravuras, aquarelas, pinturas e colabora, a partir de 1943, como ilustrador na imprensa cearense.
Em 1945, segue para o Rio de Janeiro, com Antonio Bandeira, Roberto Feitosa e Inimá de Paula. Na cidade, participa de uma coletiva de artistas cearenses na Galeria Askanasy, organizada pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz. Menos de um ano depois, muda-se para São Paulo, onde realiza sua primeira individual, em 1946, no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP- e retoma a carreira de ilustrador. Entre 1949 e 1951 freqüenta os cursos doMuseu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, e se torna monitor da instituição. Lá estuda história da arte com Pietro Maria Bardi e gravura com Poty Lazzarotto. Durante o curso, produz o álbum de gravuras Cenas da Seca do Nordeste, com prefácio de Rachel de Queiroz. Os trabalhos mostram grande influência de Candido Portinari, tanto no tratamento do tema como no traço. Em 1951, faz desenhos de paus-de-arara, rendeiras e cangaceiros. Esse trabalho recebe o prêmio aquisição para desenho na 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Dois anos mais tarde, faz o cenário da peça Lampião, de Rachel de Queiroz. Em 1956, sua carreira atinge o ápice ao ser premiado como melhor desenhista internacional na 28ª Bienal de Veneza e expor em diversas partes do mundo. Na década de 1960, trabalha muito com arte aplicada a objetos comerciais. Em 1962, cria cenário para o 1º Festival da MPB, da TV Record, e elabora estampas para tecidos da Rhodia Têxtil. Faz ilustrações dos aparelhos de jantar da série Goyana de Cora. A partir da segunda metade dos anos de 1960, Martins faz esculturas de cerâmica e acrílico, além de jóias em ouro e prata. Em 1969, ilustra bilhetes de loteria. Seis anos mais tarde cria a imagem de abertura da telenovela Gabriela, da rede Globo. Em 1981, repete a experiência na abertura da telenovela Terras do Sem Fim. Nos anos 1980, ilustra jogos de mesa, camisetas e latas de sorvete da Kibon.

Nascimento/Morte - 1922 - Ingazeiras CE - 8 de novembro / 2006 - São Paulo SP - 05 de fevereiro
Cronologia

Pintor, gravador, desenhista, ilustrador

1941 - Cria o Centro Cultural de Belas Artes, em Fortaleza, com Antonio Bandeira,Raimundo Cela, Inimá de Paula e Mário Baratta. Três anos depois, a instituição passa a chamar-se Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP
1942 - Funda o Grupo Artys, em Fortaleza, com Mário Barata, Barbosa Leite, Antônio Bandeira e João Maria Siqueira
1943/1944 - Faz ilustrações nos jornais O Unitário, Correio do Ceará e O Estado
1945/1946 - Muda-se para o Rio de Janeiro
1946 - Muda-se para São Paulo. Faz ilustrações nos jornais Correio Paulistano e A Noite
1947 - Integra o Grupo dos 19
1949 - Faz curso de história da arte com Pietro Maria Bardi no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp
1950 - Cursa gravura no Masp, com Poty Lazzarotto
1954 - Cria a primeira cenografia para a peça Lampião, de Rachel de Queiroz
1956 - Ilustra Sonetos, de Bocage
1960 - Faz 90 ilustrações para a edição completa, em 9 volumes, de As Mil e Uma Noites
1960 - Segue para Roma, com o prêmio de viagem ao exterior obtido no Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro
1981 - Faz a abertura da novela Terras do Sem Fim, de Jorge Amado. Acontece première com distribuição de álbum com reprodução de desenhos da novela
1985 - Lança o livro Linha, Cor e Forma, que reflete seu trabalho- ilustra várias obras literárias

Críticas

'Não há limites claros para o exercício da criação de Aldemir Martins. Ele trabalhou em praticamente todos os segmentos existentes na sociedade brasileira. Aldemir, com maestria, exercitou nas técnicas tradicionais da pintura, desenho, gravura, cerâmica e escultura. E avançou, de acordo com o avanço dos meios de comunicação do país, nas áreas do desenho industrial, da ilustração e do trabalho eletrônico de séries televisivas. A sua abertura para uma das telenovelas de maior audiência do país, Gabriela, Cravo e Canela, realizada a partir de romance homônimo de Jorge Amado, é uma das experiências mais emocionantes da televisão brasileira, é uma das obras em que o artista junta, numa argamassa única, a sua qualidade expressiva de desenhista e pintor, o seu conhecimento das entranhas emocionais do país, a sua percepção da comunicação em massa e a utilização dos meios tecnológicos modernos. Nessa abertura, suíte preparatória, apresentação do tema, caracterização emocional da realidade e da motivação do telespectador, Aldemir Martins interfere diretamente no saber anônimo da população, oferece novos padrões de entendimento e produz uma abertura pioneira das possibilidades inerentes aos processos tecnológicos de comunicação. Talvez, dada a integridade da motivação e da iconografia pessoal, não haja realmente limites para o artista moderno. Outra afirmação de nossa época. É por isso que o artista pode fazer padronagem de tecidos, ilustração de objetos cotidianos, decoração de formas industriais, murais e, ao mesmo tempo, conservar íntegro e em expansão o seu universo particular, a sua iconografia pessoal e a empatia entre o seu saber e o saber de seu povo'.Jacob Klintowitz
MARTINS, Aldemir. Aldemir Martins: natureza a traços e cores. São Paulo: Valoarte, 1989.
'A grande descoberta da pintura moderna foi a conceituação da cor como expressão em si própria.
(...)
Em meio a tais parâmetros vive a pintura de Aldemir Martins, hoje mais preocupado com a cor que com a forma- cada vez mais construindo seus espaços a partir da energia colorística que o habita, sempre fiel à temática do Nordeste brasileiro, fiel à 'projeção da verdade do ser, como obra' de que nos fala Heidegger, ao definir a obra de arte.
Há certas afinidades com Gaucuin, que elegeu as ilhas dos mares do sul como tema. Aldemir, por oposição, elegeu o Nordeste seco, quase desértico, mas o recriou com cores selvagens, como se fora um fauve- e o analisa, como um cubista o faria, sem perder a subjetividade poética ao construir/desconstruir espaços na tela. A cor é tão mais importante, hoje, para o pintor Aldemir, que seus temas se repetem (...).'Alberto Beuttenmüller Martins, Aldemir. Aldemir Martins. São Paulo: Galeria de Arte André, 1991.

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