Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Concessa Colaco
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A0027
Lisboa, Portugal 1929. Radicada no Rio de Janeiro desde a década de 1940, Concessa Colaço tornou-se um dos grandes nomes da arte da tapeçaria no nosso país.Integrante de tradicional família de artistas e intelectuais. Desde os anos 60, Concessa Colaço, participa de exposições no Brasil e no exterior. Os pássaros, as flores, as frutas e os santos estão presentes em toda a sua produção através de uma profusão de cores e linhas.
Tapeceira e gravadora. A tapeçaria era uma tradição em sua família. Assim, ainda menina, começou a trabalhar com seus pais. Durante mais de vinte anos dedicou-se à tarefa de modificar seu modo de tecer, obtendo melhores resultados. José Geraldo Vieira escreveu sobre ela: 'Incluo, sem vacilar, Concessa Colaço no rol artístico das artesãs originais da talagraça. Os seus tapetes constituem-se de temas cromáticos, cujos desenhos brilhantes, sem simetrias majestosas e em efeitos distintos, são comparáveis aos melhores pendores orientais, ingleses, flamengos e franceses.'