Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Joao Calixto
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A0118
João Batista Calixto de Jesus (São Paulo SP 1922). Pintor, serígrafo, publicitário e professor. Freqüenta a Escola de Belas Artes de São Paulo, de 1947 a 1952- cursa história da estética no Museu de Arte de São Paulo em 1961, e serigrafia no Sesi em 1969. Realiza sua primeira exposição individual em 1954. Dedica-se à decoração da Igreja Vera Cruz, 1952, trabalho que perdura por cinco anos- da Igreja Nossa Senhora do Paraíso, 1954, e da Igreja Ocauçu, 1956 - todas em São Paulo. Entre 1957 e 1975, volta-se para a publicidade, especializando-se em artes gráficas. Atua como professor na Escola Panamericana de Arte e na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde torna-se professor-titular em 1971.
Nascimento
1922 - São Paulo SP
Vida Familiar
Neto do pintor Benedito Calixto
Formação
1947/1952 - São Paulo SP - Freqüenta a Escola de Belas Artes de São Paulo
1951 - Estuda com os professores Alfredo Oliani e Pedro de Alzaga
1961 - São Paulo SP - Curso de história da estética, no Masp
1969 - São Paulo SP - Curso de serigrafia, no Senai
Cronologia
Pintor, serígrafo, publicitário, professor
s.d. - São Paulo SP - Professor da Escola Panamericana de Arte
1952 à 1957 - São Paulo SP - Realiza a decoração da Igreja de Vera Cruz
1954 - São Paulo SP - Realiza parte da decoração da Igreja Nossa Senhora do Paraíso
1956 - São Paulo SP - Realiza a decoração da Igreja Ocauçu
1957/1975 - São Paulo SP - Publicitário, com especialização na área de artes gráficas
1971 - São Paulo SP - Professor-titular da Faculdade de Belas Artes de São Paulo
1975/1976 - São Paulo SP - Professor da Escola Panamericana de Arte
1975 - Atibaia SP - É membro do júri do 7º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia
Críticas
'Na pintura de Calixto, o amor à cidade, a preocupação com a paisagem, com a arqueologia urbana, manifesta-se através da visão das ruas, dos minhocões, dos outdoors. A pintura de Calixto nos dá a impressão exata de um mundo exuberante, colorido, mas nem sempre acolhedor. (...) Aqui, a influência do cinema, do olho objetivo e pragmático do ex-publicitário, é nítida. Os ´close-ups´, os ´mediuns shots´, os ´long shots´, ocorrem com natural normalidade'.
Carlos Von Schmidt
SCHMIDT, Carlos Von. In JOÃO Calixto: série carnaval. Apresentação de Wolfgang Pfeiffer. São Paulo: Galeria Seta, 1979.