Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Nori Figueiredo
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A0086
Norival Benedito Figueiredo (Nori Figueiredo) nasceu 14 de março de 1949
Inicia sua carreira profissional em 72 com uma exposição no Centro Operacional de Arte, em São Paulo. Nessa mostra, em conjunto com Tarsila do Amaral, expõe um álbum de poemas e xilogravuras. A gravura, na qual foi iniciado por Mario Zanini, e a edição de álbuns vão ser aspectos contínuos e relevantes em sua produção.
Nessa mesma época começa também a trabalhar murais e painéis para decoração de igrejas no interior de São Paulo.
FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA
2004 Unicamp, mestrando no Instituto de Artes
2001-2002 Faculdade Paulista de Artes
1984-1985 Faculdade de Artes Alcântara Machado
1970-1973 Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo
ÁREAS DE INTERESSE
História da Arte
Teoria e Dinâmica das Cores
Desenho Expressivo
Gravura
Produção Gráfica
Críticas
Em Nori Figueiredo, a gravura prevalece sobre as demais artes: nela, o desenho já principia graficamente, ora como ponta-seca, ora como água-forte, ficando barrados o lápis, o nanquim ou outro meio como desenhadores preliminares e alheios à ação gráfica na placa. Excetuando-se a maneira-negra, em que os volumes saltam sem recorrer a linhas, as demais técnicas implicam lineamentos: desenhando, a água-forte ou a ponta-seca designam, metonimicamente, o vasto campo calcográfico, por Nori arado em muitos sentidos e direções.
(Leon Kossovitch)
As gravuras figurativas de Nori Figueiredo são, finalmente, atemporais. Não se coloca, para ele, a questão da contemporaneidade como uma tendência ou estilo- coloca-se, sim, o dar vazão a alguns pequeninos demônios e a largos sonhos, com a linguagem que espontânea ( e virtuosisticamente ) salta de seus instrumentos de gravar.
(Olívio Tavares de Araújo)
Seus pássaros não são apenas pássaros, mas possuem um significado a desvendar, seus seres não são só seres, mas símbolos do ser. Por isso mesmo, seus trabalhos são mais dramáticos, às vezes trágicos, pois meditam sobre a existência do ser, sobre o que fazemos aqui. Seu trabalho é cheio de sombras, suas linhas fortes, marcantes, pouca aguada pois nesse proceso há diluição da imagem. Os sulcos são fundos demarcando, assim, no processo de composição sua maneira de ser diante do mundo a reflexão.
(Alberto Beuttenmüller)
ATIVIDADES DIDÁTICAS
2001/2004 Colégio Objetivo – Americana, SP – História da Arte
1998 Espaço Cultural Tarsila – Capivari, SP – Desenho e Gravura
1990 Oficina Cultural Oswald de Andrade – São Paulo, SP – Curso de Gravura
1987 Universidade de Brasília – Brasília, DF – Curso de Extensão em Gravura
1982 Museu de Arte Contemporânea de Campinas – Campinas, SP – Curso de Gravura
1980 Oficina de Artes Visuais – São Paulo, SP - Desenho e Gravura
1978 Associação Sambernardense de Belas Artes – São Bernardo, SP – Fotografia e
Desenho
1977 Biblioteca Municipal, – Salvador, BA – Cinema e Fotografia
ATIVIDADES DIVERSAS
2000 Direção de Arte Traviatta Produções – São Paulo,SP
1999/2000 Editor de Arte da Editora EME – Capivari, SP
1998 Viagem como artista convidado para edições na LCA (London Comtemporany Art Original Prints) Londres – Inglaterra
1997 Direção de Arte nos estúdios da Maurício de Souza Produções – São Paulo, SP
1996 Criação e direção do Espaço Cultural Tarsila – Capivari, SP
1986 Palestra “O Falso e o Verdadeiro” no MAM – São Paulo, SP
1978 Juri do IX SAPEV – São Bernardo do Campo, SP
Juri do Prêmio Metalúrgico de Artes Plásticas – Santos, SP
1975 Curadoria de exposição 35 Gravuras de Paulo Menten – Capivari, SP
Artigos Publicados
2000 “Guyer Salles e seus signos gráficos”, in Gravura. A Arte Brasileira do século XX
1985 “Márcio Périgo, Da Intimidade com a gravura à gravura para intimidade”, in Revista Arte em São Paulo – nº 31
1984 “Mario Fiori e Suas Figuras de Linguagem”, in Revista Arte em São Paulo – nº 24
1975 “Gravura: Arte Técnica ou Meio de Reprodução”, in Revista Artis – nº 3
MURAIS
1983 Via Sacra Para a Igreja de São Bento – Itatiba, SP
1981 Via Sacra Para Igreja N.S. de Fátima – Capivari, SP
1981 Painéis para a capela de S. Francisco – Pompéia – São Paulo, SP
1980 Altar da Igreja N.S. de Fátima – São Paulo, SP
1979 Altar da Igreja N.S. de Fátima – Capivari, SP
1974 Teto da Igreja de São João Batista – Capivari, SP