Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Otavio Araujo
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A0185
Octávio Ferreira de Araújo (Terra Roxa SP 1926). Gravador, pintor, desenhista, ilustrador, artista gráfico. Estuda pintura na Escola Profissional Masculina do Brás, em São Paulo, com Edmundo Migliaccio e José Barchitta, entre 1939 e 1943. Integra o Grupo dos 19, em 1947. Dois anos depois, viaja para Paris, onde estuda gravura na École National Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes] e freqüenta o Gabinete de Estampas do Musée du Louvre [Museu do Louvre]. Retorna ao Brasil em 1951, e no ano seguinte passa a residir no Rio de Janeiro. Indicado pelo pintor Clóvis Graciano (1907 - 1988), trabalha como auxiliar de Candido Portinari (1903 - 1962). Com o prêmio de gravura do Salão Para Todos, realizado no Rio de Janeiro, em 1959, viaja para a China. Recebe em 1960 uma bolsa de estudos do Instituto Répin, em Leningrado, atual São Petersburgo, patrocinada pelo Ministério da Cultura da União Soviética (atual Rússia). Em 1961, freqüenta o Instituto Poligráfico em Moscou. Permanece nessa cidade por oito anos, e trabalha como ilustrador de livros latinos-americanos, tradutor e dublador de documentários. É realizada em 1972 a mostra Octávio Araújo: 20 Anos Depois, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, e, em 1979, é publicado o livro Octávio Ferreira de Araújo: 10 Anos de Pintura, de José Roberto Teixeira Leite.
Comentário Crítico
Em suas pinturas e gravuras, Octávio Araújo revela seu interesse por obras de pintores flamengos, alemães e italianos dos séculos XV e XVI, por vezes inspirando-se diretamente em figuras retiradas dessas obras.
Alguns estudiosos percebem, nos trabalhos do artista, afinidade com o surrealismo, principalmente pela apresentação de uma atmosfera onírica. Segundo ele próprio, sua obra visa a despertar um clima original de mistério e magia no espectador. Nesse sentido, a figura da mulher é associada aos elementos da natureza. Araújo mescla, numa mesma composição, imagens muito diferentes, como as de animais, objetos, escadas ou ruínas, criando com elas cenas inesperadas.
Comentário Crítico
Em suas pinturas e gravuras, Octávio Araújo revela seu interesse por obras de pintores flamengos, alemães e italianos dos séculos XV e XVI, por vezes inspirando-se diretamente em figuras retiradas dessas obras.
Alguns estudiosos percebem, nos trabalhos do artista, afinidade com o surrealismo, principalmente pela apresentação de uma atmosfera onírica. Segundo ele próprio, sua obra visa a despertar um clima original de mistério e magia no espectador. Nesse sentido, a figura da mulher é associada aos elementos da natureza. Araújo mescla, numa mesma composição, imagens muito diferentes, como as de animais, objetos, escadas ou ruínas, criando com elas cenas inesperadas.
Nascimento
1926 - Terra Roxa SP - 22 de março