Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Paulo Sayeg
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A0094
Paulo Eduardo Sayeg (São Paulo SP 1960). Desenhista, pintor, programador visual. Na adolescência, aprende litografia com seu tio, o pintor e ilustrador Alberto Garutti. Aos 21 anos, participa da primeira exposição coletiva e realiza a performance Lazarus, gravada em vídeo. Faz sua primeira exposição individual em 1982, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em São Paulo. Trabalha com publicidade, ilustração, desenho animado e programação visual. Recebe prêmio de melhor desenhista da Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA, em 1987. Em 1995, começa a trabalhar como diretor de arte daRevista E, publicada mensalmente pelo Serviço Social do Comércio de São Paulo - Sesc/SP.
Comentário Crítico
Os trabalhos iniciais de Paulo Sayeg apresentam gestos enérgicos, porém obedientes à definição da figura em relação ao plano de fundo. O gestualismo de seu pincel respeita os limites da forma, e suas obras se mantêm predominantemente figurativas. As pinturas expostas em 1985 apresentam grande simplificação formal, e o artista emprega pinceladas livres e uma paleta de cores contrastantes e misturadas. Sua produção apresenta também forte erotismo.
Em Anjo, uma espécie de grafismo constrói a figura sobre um plano de fundo pintado em tintas diluídas. O mesmo procedimento é empregado em Lili (ambas expostas em 1988), obra que apresenta grande sensualidade. Já em outras pinturas do período, percebe-se a maior indefinição das figuras e uma tendência maior à abstração. Como nota o historiador da arte Tadeu Chiarelli, a partir do fim dos anos 1980 nota-se, em sua produção, a tendência à explosão de qualquer codificação formal. O artista parece abandonar os pontos de contato entre sua produção e a dos fauves, aproximando-se da produção dosaction painters norte-americanos. Nesses trabalhos, já não se percebe com tanta nitidez a construção de um código decifrável. O olhar do espectador precisa percorrer manchas, texturas e pinceladas gestuais, para discernir o discurso que motiva cada trabalho. Durante a década de 1990, dedica-se também à gravura, retomando as questões recorrentes em sua produção.
Nascimento
1960 - São Paulo SP
Formação
1968/1971 - Santos SP - Tem as primeiras lições de pintura aos oito anos com um vizinho chamado Rossi, pintor amador
1973 - São Paulo SP - Aprende litografia com seu tio, o pintor e ilustrador Alberto Garutti, filho do litógrafo Gino Garutti
1979 - São Paulo SP - Inicia um curso de sumiê com o professor Abe
Cronologia
Pintor, desenhista e artista performático