Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Saverio Castellano
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A0417
Saverio Henrique Castellano (29 de março de 1934 - 18 de maio de 1996) foi um pintor, desenhista e gravurista (litógrafo). É considerado um dos pioneiros no uso da computação em arte. Começou estudando desenho com Poty Lazzarotto nos Cursos do Museu de Arte de São Paulo em 1952. E em 1955 estudou gravura com Livio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM, ano em que também foi aprovado nos exames vestibulares da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU, onde se formou.
Trabalhou como colaborador no Escritório de Arquitetura do arquiteto Jorge Wilhein de 1959 até 1961, onde teve os primeiros contatos com artistas como: Mario Gruber, Marcelo Grassamn, Flávio Motta e Aldemir Martins, que o incentivam a prosseguir seu trabalho. Frequentou os ateliês de Gravura da Fundação Armando Álvarez Penteado - FAAP. Em 1972 em uma viagem à Inglaterra. Elaborou projeto para uma escultura em acrílico nos ateliês da Saint Martin School of Art, onde manteve contato com o escultor Anthony Caro e com o crítico de arte Guy Brett. Foi casado com a reconhecida pintora e professora Selma Daffré.
Críticas
'Dentro de sua proposta, Savério Castellano é coerente e consequente. Nenhum gesto desperdiçado, nenhuma forma ao acaso, economia e contenção na linguagem e na articulação de suas idéias. São trabalhos que oferecem uma contribuição específica e uma leitura em vários níveis'.
Jacob Klintowitz
KLINTOWITZ, Jacob. Versus: 10 anos de crítica de arte. Jacob Klintowitz. Pietro Maria Bardi. São Paulo, Espade, 1978.