Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Siegbert Franklin
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A0288
Nascimento
1957 - Fortaleza CE - 2 de julho
Cronologia
Pintor, gravador, desenhista
1982 - São Paulo SP - Vive nessa cidade
1999 - Campinas SP - Realiza o workshop Luzes do Equador na Unicamp
1999 - Fortaleza CE - Realiza a palestra Luzes do Equador na Galeria Ignez Fiuza
1999 - Jaboticabal SP - Realiza o workshop Luzes do Equador na Escola de Artes Prof. Francisco B. Marino
1999 - Ribeirão Preto SP - Participa do Encontro Cultural sobre 500 anos de Brasil pós Cabral - Luzes do Equador, realizado na Livraria e Espaço Cultural Atlas
1999 - Ribeirão Preto SP - Realiza o workshop Luzes do Equador no Marp
2000 - São Carlos SP - Ministra a oficina Desenho pintura e multimeios na produção contemporânea aplicada as Artes Visuais, a Moda e ao Design na Oficina Cultural Regional - Sergio Buarque de Holanda
Acervos
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Museu Banespa - São Paulo SP
Museu de Arte Contemporânea - MAC/PR - Curitiba PR
Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - MAUC - Fortaleza CE
Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi - Marp - Ribeirão Preto SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museu de Arte Moderna - MAM/BA - Salvador BA
Paço das Artes - São Paulo SP
Críticas
'Desta vez Siegbert Franklin nos chega mais urbano e sofisticado. Alguns elementos - característica pessoal da escrita do pintor - permanecem e até se aprofundam: texturas surpreendentes- sombras de objetos flutuantes (que nos levam a refletir sobre a bidimensionalidade da tela)- clima de sonho. O amadurecimento do artista, porém, é mais que evidente. Ao transferir-se de sua terra natal para São Paulo (1982), Siegbert Franklin resolveu voltar-se para as cores fortes e elementos típicos da cultura popular nordestina. Era uma tentativa de afirmar sua especificidade na dispersiva megalópolis. Hoje ele assume a urbanidade, mergulhando nas sutilezas da cultura urbana. O referencial mudou. Ao invés dos símbolos típicos da cerâmica e da tapeçaria popular, o artista trabalha com formas arquitetônicas e máquinas, artifício que se tornou a natureza que envolve o homem contemporâneo. Siegbert Franklin passa a habitar a galáxia freqüentada por Miró, Klee e Torres-Garcia. A ambiguidade evoluiu. Às vezes temos a impressão de que o artista quer mais sugerir do que mostrar. A meio caminho entre a abstração e a figuração encontramos na presente mostra uma geometria rigorosa no fundo das telas, contrastando com formas caóticas, cores e texturas absolutamente rebeldes, que recusam a ordem estabelecida, transbordando o limite racional da linha. (...)'
Antonio Zago
SIEGBERT Franklin. São Paulo: Galeria Paulo Prado, 1990.