Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Sonia Von Brusky
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A0172
Sonia Von Brusky Sales da Fonsêca (Rio de Janeiro RJ 1941). Pintora, escultora, gravadora e desenhista. Estuda com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna e no ateliê do artista, em 1967 e realiza sua primeira exposição individual na Galeria Domus, em 1968, no Rio de Janeiro. Viaja para Europa em 1971, quando faz contato com artistas e participa de exposições. Em 1974, cursa cenografia com Helio Eichbauer na EAV/Parque Lage do Rio de Janeiro. Entre 1984 e 1988, integra a diretoria da Associação Profissional de Artistas Plásticos e, em 1990, cria o Centro Cultural Sonia Von Brusky, em São Paulo. Em 1991 e 1992, realiza interferências no metrô de Londres, Inglaterra e Paris, França.
Nascimento
1941 - Rio de Janeiro RJ
Formação
1967 - Rio de Janeiro RJ - Estuda com Ivan Serpa, no MAM/RJ e no ateliê do artista
1974 - Rio de Janeiro RJ - Estuda cenografia com Helio Eichbauer, na EAV/Parque Lage
Cronologia
Pintora, escultora, gravadora, desenhista
ca.1947- Niterói RJ - Vive nessa cidade
ca.1968 - Rio de Janeiro RJ - Vive nessa cidade
1981 - São Paulo SP - Vive nessa cidade
1984/1988 - São Paulo SP - Integra a diretoria da Associação Profissional de Artistas Plásticos - APAP
1990 - São Paulo SP - Cria o Centro Cultural Sonia Von Brusky
1991/1992 - Londres (Inglaterra) e Paris (França) - Realiza interferências no metrô dessas cidades
Críticas
'Focalizando a mulher, por autoconhecimento feroz de suas limitações e anseios, Sonia Von Brusky amplia esta reivindicação a todo ser castrado pelo poderio estabelecido, e incita cada um a vasculhar no seu íntimo o possível fracasso humano e a tentativa de reposição de uma verdade que o salve de ser um simples manequim ambulante. O personagem desta desenhista é isto, um manequim: o mundo surrealista onde ele se move é teatral, graficamente econômico e espantosamente técnico'.
SONIA von Brusky: pinturas e jóias. Apresentação de Jacob Klintowitz. São Paulo: Renato Magalhães Gouvea Galeria de Arte, 1979.
'São cartas (envelopes) com endereços, selos e carimbos, cartas escritas por gente humana e entregues ao correio, jogadas em suas pinturas irregularmente num espaço vazio, cercadas e semi-fechadas por varas mecânicas de uma arquitetura ocasional. O humano com sua tenuidade, sensibilidade e angústia, justaposto ao mecânico, férreo, às leis instransponíveis que regem a vida humana. Assim é que Sonia capta e transmite o drama dos seres. O elemento do acaso (as cartas postais são jogadas no espaço da tela como as cartas do baralho, ocasionalmente jogadas em cima da mesa), em diálogo com o elemento construtivo, estável, calculado e firme. O frágil, o instável, o sensível acoplado com o sólido, o permanente, o coeso'.
Theon Spanudis
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.